Definição: As leucemias são neoplasias malignas das células primitivas hematopoiéticas que se caracterizam pela substituição difusa da medula óssea por células neoplásicas.
Na maioria dos casos as células leucêmicas extravasam para o sangue, onde podem ser vistas em grande número. Essas células também infiltram o fígado, o baço, os linfonodos e outros tecidos por todo o corpo.
Leucemias Agudas: Caracterizam-se pela presença de células muito imaturas ( denominadas blastos ) e por uma evolução rapidamente fatal em pacientes não tratados.
Leucemias Crônicas: Estão associadas, pelo menos no início, com leucócitos bem diferenciados ( maduros ) e com uma evolução relativamente indolente.
São reconhecidas duas variantes principais das leucemias agudas e crônicas: linfocíticas e mielocíticas.
LEUCEMIAS AGUDAS:
Fisiopatologia: O acúmulo de blastos leucêmicos na leucemia aguda resulta da expansão clonal das células primitivas transformadas, bem como da falha na maturação até células terminais funcionais. A supressão das células primitivas hematopoiéticas normais na leucemia aguda apresenta duas implicações clínicas importantes: ( 1 ) as manifestações principais resultam da escassez de hemácias, leucócitos e plaquetas normais; e ( 2 ) do ponto de vista terapêutico, a meta é reduzir a população do clone leucêmico o suficiente para permitir a recuperação das células primitivas normais. O comprometimento da série linfóide dá origem à LLA, enquanto a transformação neoplásica das células progenitoras mielóides expressa-se sob a forma de LMA.
Manifestações Clínicas: As leucemias agudas possuem início súbito e intempestivo, sintomas relacionados com a depressão da função normal da medula óssea ( fadiga, febre refletindo infecção decorrente da ausência de leucócitos maduros, sangramento secundário à trombocitopenia com petéquias, equimoses, epistaxe e sangramento gengival ), dor e sensibilidade óssea, infiltração de órgãos manifestada por linfadenopatia generalizada, esplenomegalia e hepatomegalia e manifestações do sistema nervoso central cefaléia, vômitos e paralisia dos nervos resultantes da propagação meníngea.
Achados Laboratoriais: A anemia está quase sempre presente. É muito importante a identificação dos leucócitos imaturos – inclusive as células blásticas – no sangue circulante e na medula óssea, onde compõem 60 a 100% de todas as células.
Leucemia Linfoblástica Aguda ( LLA ): A leucemia linfoblástica aguda é uma doença principalmente de adultos jovens. Os balstos leucêmicos de quase todos os pacientes com LLA de células B expressam o antígeno pancélula B CD19. Aproximadamente 90% dos pacientes com LLA apresentam alterações numéricas ou estruturais nos cromossomos das células leucêmicas. Com a quimioterapia moderna ( que inclui a destruição profilática das células leucêmicas abrigadas no SNC ), mais de 90% das crianças com LLA conseguem uma remissão completa, e aproximadamente dois terços podem ser consideradas curadas.
Leucemia Mieloblástica Aguda ( LMA ): As leucemias mieloblásticas agudas afetam principalmente adultos entre 15 e 39 anos de idade. Algumas surgem por transformação de células primitivas mielóides multipotenciais. Em outros casos, o precursor comum de granulócitos e monócitos está envolvido. Diante desta heterogeneidade, algumas autoridades preferem utilizar o termo "leucemia não-linfocítica aguda". A translocação característica desse tipo de leucemia envolve o gene do receptor alfa do ácido retinóico ( RAR-α) no cromossomo 17 com uma unidade de transcrição denominada PML, situada no cromossomo 15. É interessante notar que altas doses do derivado da vitamina A ácido all-trans-retinóico são capazes de superar esses bloqueio na diferenciação e que esses agente tem sido usado com sucesso na indução da remissão em pacientes com LMA M3. A LMA é uma doença difícil de tratar. Aproximadamente 60% dos pacientes conseguem uma remissão completa com quimioterapia.
Síndromes Mielodisplásicas: Esse termo refere-se a um grupo de afecções de células primitivas clonais caracterizado por defeitos de maturação que resultam em hematopoese ineficaz e maior risco de transformação em leucemias mieloblásticas agudas.
LEUCEMIAS CRÔNICAS:
Leucemia Mielóide Crônica: É uma doença de adultos entre 25 e 60 anos de idade, com uma incidênica máxima na quarta e quinta décadas de vida.
Fisiopatologia: A LMC surge pela transformação neoplásica e expansão clonal de uma célula primitiva pluripotencial. Embora virtualmente todas as linhagens hematopoéticas estejam envolvidas nessa doença, os precursores granulocíticos constituem a linhagem celular dominante. Em mais de 90% dos casos, o cromossomo Ph pode ser identificado na progênie em divisão das células primitivas. A maioria das autoridades no assunto pensa que a presença de RNAm e proteína bcr-c-abl constituem o sine qua non da LMC. As principais manifestações clínicas da LMC são a anemia, cansaço, fraqueza, perda de peso e anorexia. O tratamento da LMC não é satisfatório e a sobrevida média é de três a quatro anos.
Leucemia Linfocítica Crônica: A LLC talvez seja a mais indolente de todas as leucemias, ocorre em pessoas com 50 anos ou mais e predomina em homens.
Fisiopatologia: As células B transformadas na LLC expressam os antígenos pancélula B ( CD19, CD20 ). A trissomia do 12 é observada em um terço dos pacientes
Manifestações Clínicas: Os pacientes com LLC